Ruralidades

Notícia publicada a 11-06-2021, 11h38

Abrimos a 2ª edição de “Abril no Feminino” com uma exposição muito singular, intitulada “Ruralidades”, com foco nas mulheres. Apenas munido de uma câmara, de uma lente e luz natural, Jorge Bacelar capta de forma magnífica o mundo rural. Distribuídas por três salas do Museu Nacional de Machado de Castro, cerca de três dezenas de fotografias, captadas em diferentes localidades, tais como Murtosa, Estarreja, Figueira de Castelo Rodrigo, Idanha-a-Nova, Miranda do Douro, Albergaria-a-Velha, interpelam o nosso olhar. São histórias de “vidas presas ao campo e ao gado, de pessoas que trabalham de sol a sol de mãos gastas e olhar muito vivo, de agricultores com trabalhos duros e vidas madrastas”. Corpos, rostos, mãos que falam. Esta gente, é a sua gente, o seu mundo, diz Jorge Bacelar, médico veterinário que começou a fotografar apenas há oito anos e que já acumulou uma série de prémios internacionais. É a sua família, como sublinha, para quem trabalha há mais de 20 anos, exercendo clínica de campo. Imagens que reflectem a relação de proximidade, respeito, afecto e cumplicidade entre o fotógrafo e a pessoa fotografada.

No dia da inauguração, começámos por ouvir canções da terra e do trabalho, pelo grupo coral feminino “Segue-me à Capela”, o qual desde logo prendeu todo o auditório com a sua cativante prestação. Mais de centena e meia de pessoas estiveram presentes, entre as quais muitas das agricultoras e agricultores retratados, que se deslocaram propositadamente das suas terras, assumindo o justo protagonismo. Terminámos a manhã com uma gentil oferta: uma prova de espumante, acompanhado de frutos secos da região de Figueira de Castelo Rodrigo, de onde é natural Jorge Bacelar. À saída da exposição, ouviram-se repetidamente duas palavras, proferidas pelos visitantes: comoção e pintura. Só lá indo, perceberão porquê.

Acompanhe aqui a reportagem do dia da inauguração assinada por Albano Espírito Santo.